sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Minha primeira grande viagem

A série O guia do Mochileiro das Galáxias (The Hitchhiker's Guide to the Galaxy, publicado no Brasil pela editora Sextante) é um fenômeno pop. Existem por aí milhares de objetos, inclusive um asteroide, que homenageiam a série. Milhares de pessoas, por meio de fã-clubes, blogs, e sites, se sentem “órfãs” da série desde que o genial Douglas Adams, autor da coletânea, morreu em 2001. Mesmo tendo conhecido os livros apenas após a morte de Adams, consegui entender porque os fãs se sentiram assim.Tão cedo comecei a tocar o papel da coleção e ler as primeiras letras das obras, me fascinei pela maneira única como o brilhante Douglas Adams conseguiu inserir uma homérica quantidade de conhecimento e de opiniões sobre o mundo em apenas “uma trilogia de quatro livros que por acaso são cinco”. Esta genialidade, entretanto, não é de todo boa para mim. Eu, do alto de minha inteligência, me sinto apenas um reles mortal diante do Olimpo da genialidade por não entender tudo o que o autor quis expressar com cada mínimo detalhe do livro (Adams é, inclusive, um homem de opiniões fortes,, se descrevendo como “um ateísta convicto” ). Mesmo assim, não deixo de apreciar a coletânea como um enólogo aprecia um bom vinho. Mais do que uma coletânea, a série se tornou para mim uma referência na escrita de textos.

A obra, porém, não começou como uma coletânea de publicações impressas. Seu início foi um programa de rádio, que infelizmente ainda não chegou aos meus ouvidos, produzido na década de 70 pela emissora de rádio britânica BBC Radio 4. Fui, porém, apresentado à série por meio de outra versão, mais recente: a película, concluída em 2005, que teve Adams como produtor honorário (o autor ajudou a equipe cinematográfica antes de padecer). Tive com estas linguagens uma sensação que creio que muitos têm: a de que o filme é ótimo, como podem atestar todas as pessoas que eu conheço que viram o filme, até que o livro é descoberto e revela o incrível conteúdo que ficou de fora da versão em celulóide.

Conteúdo este que, aliás, é um dos melhores que já vi. Diferentemente dos clássicos, a série é brilhante a seu modo, irônico e original. A obra se desenrola em torno das aventuras de Arthur Dent, um pacato cidadão inglês que é salvo da destruição da terra graças à seu melhor amigo, Ford Prefect, um alienígena que veio à terra para escrever o livro que tem a missão de substituir a enciclopédia galática como repositório padrão de todo o conhecimento do universo (por ser ligeiramente mais barato e trazer impresso na capa, em letras garrafais e amigáveis a frase “Não Entre em Pânico”), nada mais nada menos que o guia do mochileiro das galáxias. Tanto o filme quanto o primeiro livro da série contam as aventuras de Arthur e Ford, junto com Zaphod Beeblebrox, presidente e criatura mais mal-vestida da galáxia, Tricia McMillan, uma linda mulher que preferiu Zaphod a Arthur e Marvin, o andróide paranóide,”muso” inspirador da música Paranoid Android, do Radiohead, um ser maníaco-depressivo superdotado de inteligência que, ao invés de ser utilizado para trabalhos intelectuais, é usado como criado. Depois, os livros desenvolvem as histórias dos protagonistas, em um restaurante no fim do universo, na pré-história e de novo na terra- culminando mais uma vez na destruição de nosso amado planeta azul.

Os 15 milhões de exemplares vendidos e a enorme legião de saudosos fãs de Adams e de sua obra mostram o quanto a série, além de conhecida, é amada no mundo inteiro. Ainda bem que ainda existem livros bons como estes para amarmos e que, tenho certeza, para as gerações futuras continuarem a amar. Ainda bem que, no meio de tantos livros supérfluos que temos hoje. E lembrem-se: se algum dia vocês viajarem ao espaço, sigam o ensinamento do mestre: levem uma toalha.

Bruno Pernambuco


Fontes: howstuffworks.com
www.wikipedia.com